Dia desses, na recepção de um consultório, resolvi folhear uma revista qualquer, ao acaso. Peguei uma que custa baratinho e que fala, basicamente, de assuntos relacionados ao universo feminino.
Percebi que a proposta de uma revistinha de dois reais não é boba, nem fraca e nem vazia, ela está fortemente articulada com a ideologia editorial de um grande grupo midiático, ou seja, outras revistas, jornais, TVs e portais cibernéticos de notícias.
Pra mim, a intenção é clara, ela tenta transformar suas leitoras em bonecas cuidadosamente manipuladas. E o pior é que essa jogada consegue influenciar algumas pessoas.
Enquanto lia, dei mais atenção aos discursos do que às notícias em si e vi que o importante é pregar o extremismo através da ideia do certo x errado ao se vestir, para que assim não restem dúvidas sobre o que comprar.
Esse extremismo está enraizado na intolerância e no maniqueísmo, isto é, a revista não pode tolerar a ideia de uma leitora se vestir de maneira diferente daquela que está sendo sugerida. Dessa forma, o bem e o mal se tornam admissíveis no nosso dia a dia com um discurso macio e envolvente, querendo tornar o maniqueísmo um comportamento aceitável. Algo como: não use tal blusinha com calça jeans, vestida assim você não será bem vista em alguns lugares.
Em outras palavras: você deve comprar o que estamos divulgando, senão ficará feia ou estará errada.
Essa vontade doida de querer conduzir as leitoras por cores e padrões, que interessa ao mundo da moda, acaba tratando o gosto de cada mulher como algo descartável.
O gosto de alguém não é um pacote fechado, um padrão limitado pelo certo e o errado, do qual você deva extrair apenas uma opção, nesse caso, a da revista. O gosto é um processo de escolhas, tentativas e experiências extremamente pessoais.
A imposição do ponto de vista de uma redatora (micro) ou da ideologia editorial (macro), que inclui fabricantes de tecidos, confecções legais e clandestinas, redes de lojas e estilistas significa repreender a leitora, colocar limites na cidadã compradora, torná-la um ser sem personalidade, parte de uma pasta social homogênea.
Somos iguais por sermos humanos e pára por aí. Somos diferentes por sermos únicos, de diferentes etnias, nacionalidades, estaturas, pesos, medidas e gostos. Não podemos ser, meramente, mais uma sardinha sem cabeça dentro da lata.
A mulher não pode ser valorizada por ter esse ou aquele vestido ou sapato, ela precisa se valorizar e ser valorizada pelo que ela é, por ser cheirosa, carinhosa, fogosa, amorosa, atenciosa, gostosa, graciosa, vaidosa, cuidadosa e mais um monte de “osas” que a completa e torna o mundo melhor. E, depois disso, ser considerada uma consumidora, mas uma consumidora que tem gosto próprio.
É preciso banir essa ideia fortemente consumista de "não tenho nada pra vestir". Isso leva a novas compras desnecessárias e, nessa hora, tentam fazê-las comprar o que não precisam ou na quantidades que não precisam.
Esse mesmo discurso é facilmente encontrado em caderno de moda, de alguns jornais, em páginas da internet e em programas de TV criados especialmente para essa lavagem cerebral.
Outro aspecto cruel e constante da revista é a comparação da leitora com mulheres famosas, como se todas leitoras fossem se tornar famosas um dia, como se houvesse espaço para todas serem famosas, como se a leitora fosse rica e tivesse tempo como as famosas, como se a leitora quisesse ficar famosa. Quanta maldade!!!
Não gostaria de entrar na discussão sobre o que é feio ou bonito, mas o aspecto mais cruel dessas comparações é que, com palavras bem escolhidas, a matéria deprecia a mulher cada vez que ela não está no padrão de beleza proposto. Resumindo, diz que a leitora é feia e precisa ficar bonita ou então que se veste mal e precisa renovar o guarda-roupas.
Não podemos pagar, nem R$ 2,00, para ler esse tipo de discriminação, não é mesmo?
Outra questão importante é que a revistinha tem 50 páginas, mas não existem negros nas 20 destinadas às propagandas. Nas outras 30 só aparecem 4: dois artistas, que ilustram uma matéria sobre TV, e uma mulher acompanhada de um garoto, representando mãe e filho, numa matéria sobre bullying. Justamente sobre bullying. É o discurso discriminador que quer a pele branca como padrão!
Ah, ela também dá a "dica" de como domar os cabelos, ou seja, supõe que alguém tem um tipo de cabelo que é visto como selvagem e que precisa ser domado. Que valoração estranha para madeixas naturais. A coluninha começa o parágrafo dizendo que "todo mundo sonha com um cabelo liso...". Claro, é assim que se incute uma ideia e se justifica a razão da tal "dica". Que matéria simpática, não é mesmo?
Deixa pra lá, deve ser implicância minha por estar esperando para ser atendido.
É melhor parar por aqui... :-)
Abraço e sucesso!
quarta-feira, 29 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Que delícia...
Letra e música fantásticas!!!
Mas ainda está lá: http://www.youtube.com/watch_popup?v=sIJ9T2QB3-E
Velho ateu
Um velho ateu, um bêbado cantor, poeta
Na madrugada, cantava essa canção, seresta
Se eu fosse deus a vida bem que melhorava
Se eu fosse deus daria aos que não tem nada
E toda janela fechava
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas
(Eduardo Gudin ♫ e Roberto Riberti ▒)
Mas ainda está lá: http://www.youtube.com/watch_popup?v=sIJ9T2QB3-E
Velho ateu
Um velho ateu, um bêbado cantor, poeta
Na madrugada, cantava essa canção, seresta
Se eu fosse deus a vida bem que melhorava
Se eu fosse deus daria aos que não tem nada
E toda janela fechava
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas
(Eduardo Gudin ♫ e Roberto Riberti ▒)
Tropeço na Língua Portuguesa
Onde estão os sabichões agora? E o manual de redação do patrão, sumiu?
Desaprenderam a flexão verbal ou perderam a noção do tempo?
Esse pessoal do PIG é cômico e se acham grandes conhecedores da Língua Portuguesa.
Recentemente, os desatentos de plantão disseram que o livro (da Heloísa Ramos) ensina a escrever errado.
Ai, ai... pelo visto, esses mal leitores estão condenando o que já praticam.
Abraço!
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Total inversão de valores
Sabe aquela história de apertar de um lado e escapar do outro? Então, desde que começaram a usar o dispositivo para manchar o dinheiro roubado dos caixas automáticos, os químicos de folga voltaram a dar um upgrade no seu jeitinho brasileiro. Os assaltantes já encontraram um antídoto para a tinta usada pelos banco, já conseguem tirar as manchas das cédulas roubadas. Toma lá, dá cá.
O pior dessa história toda é a total inversão de valores sociais e civis quanto a maneira de se lidar com as notas maculadas. Saiba que você correrá o risco de ficar no prejuízo se receber uma cédula dessas de uma pessoa. Até aí tudo bem, pois estamos sabendo que o dinheiro manchado é roubado e podemos nos negar a recebê-lo. Mas existe uma sacanagem enorme que estão aprontando pra cima dos cidadãos de bem: se ele receber uma cédula manchada de um caixa eletrônico, fora do expediente bancário, terá de ir a uma delegacia registrar um boletim de ocorrência, levar no banco, esperar sua movimentação bancária ser analisada e só depois disso saberá se será ressarcido. Ainda assim poderá ser investigado.
Ou seja, o banco "se engana" (sambarilóv), coloca dinheiro roubado no caixa automático e o cidadão de bem é que passa por bandido, além de pagar mensalmente para o banco "administrar" seu dinheiro e de fazer (por sua conta e risco) o serviço do funcionário do banco, ao operar um terminal eletrônico.
O dinheiro dos banqueiros inverte tudo nessa terra... é inacreditável.
Até quando viveremos esse abuso inclassificável?
Abraço!
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