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sexta-feira, 15 de março de 2013

Tradução livre


Já li várias vezes em jornais, impresso e virtual, a seguinte explicação para certas traduções: "em tradução livre...". Ou seja, a pessoa resolve escrever sobre um livro ou filme, por exemplo, porém dá uma titubeada na hora de assumir a tradução que fez.
Apenas por oposição ao termo, pensei: O que seria uma tradução escrava? (Talvez presa, agrilhoada ou em regime semi-aberto.)
Nos dicionários, entre outras acepções, livre significa sem obrigações; isento de restrições, controle ou limitações.
Sabemos que algumas traduções, nomes de filmes principalmente, fogem (um pouco) do campo linguístico e se apoiam no enredo ou em interesse comercial. Mesmo assim, não as vejo como livres. Cá, tenho minhas dúvidas.
Uma tradução é intrínseca a duas línguas e suas culturas, logo:
Livre de quê?
Da língua de origem? De responsabilidades ou de compromissos com o original?
Da língua de destino? Da preservação na equivalência discursiva que o processo exige?
Livre de quem?
Do autor? Do público, que deposita sua confiança na tradução?
Ou, viajando um pouco na maionese: Seria uma nova modalidade de tradução? Isto é, uma nova escola: “Hoje vamos aprender tradução livre”.
Creio que essa expressão serve mais como anúncio de isenção de responsabilidade do que liberdade (liber > livre) para traduzir algo que ainda não o foi "oficialmente", como pode ocorrer com títulos de filmes e livros que estão por chegar ao mercado.
Gosto de acreditar que a responsabilidade do tradutor precisa ser assumida inerentemente e, dessa maneira, publicar o que traduziu sem delongas.
Eis dois exemplos recentes de "liberdade":
"... relatório The Wealth Report 2013 ("Relatório da Riqueza 2013", em tradução livre)..."

Abraço e sucesso!

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